7.19.2009

Menos 600 mortes por enfarte em três anos


Coordenador nacional estima que mortalidade por enfarte atingiu os 9% em 2008, perante o melhor acesso dos doentes a cuidados especializados
Entre 2005 e 2008 terão morrido menos 580 pessoas por enfarte agudo do miocárdio, um dado que tem directamente a ver com o melhor acesso às unidades coronárias, mais especializadas, e a tratamentos atempados de desobstrução das artérias. O coordenador nacional das doenças cardiovasculares, Rui Ferreira, disse ao DN que a mortalidade por enfarte tem caído: "12,19% dos doentes internados em hospitais morriam em 2005. Em 2008, estimamos que tenha sido atingida uma taxa de 9%." Uma melhoria numa altura em que as doenças cardiovasculares continuam a ser a principal causa de morte nacional.
Dados da coordenação revelam que, anualmente, são internados cerca de 11 800 portugueses vítimas de enfarte, mas o número de mortes tem vindo a baixar de 2005 (1437) para 2008, em que se prevêem pouco mais de mil.
Segundo os indicadores de actividade do ano passado, a que o DN teve acesso, foram admitidos 16 020 doentes em unidades coronárias, mais 50% do que em 2007. Através das vias verdes, projecto que envolve a participação do INEM, ingressaram nos hospitais 717 doentes, quase o triplo de 2006.
O cardiologista Miguel Mendes elogiou o aumento de técnicas como a angioplastia primária, realizada em 2402 doentes em 2008 (mais 26,5% que em 2007). O tratamento, que consiste na desobstrução da artéria coronária, "é cada vez mais usado do que a trombólise, porque é mais eficaz e tem menos complicações", refere. Mas o ideal é que as pessoas cheguem cedo ao hospital.
O especialista alerta que só no Algarve as vias verdes estão a cobrir 60% dos casos de enfarte, quando no "resto do País essa percentagem é inferior a 10%" (4% em 2008, para se ser exacto). "As pessoas ainda não estão atentas aos sintomas, não actuam a tempo. Além disso, ainda há problemas de coordenação e articulação da rede de unidades." A generalidade das cirurgias cardíacas tem aumentado, com excepção das pediátricas, por se optar por alternativas. Mas os transplantes caíram de 51 para 42.
Em Portugal, 35% das mortes anuais devem-se a doenças cardiovasculares
. Só o acidente vascular cerebral (AVC) vitima cerca de 16 mil pessoas por ano, o dobro do que se verifica em Espanha, por exemplo. O País, que está praticamente coberto por unidades de AVC (ver entrevista), já consegue dar resposta a 6911 casos nestes centros especializados, que se caracterizam por ter equipas multidisciplinares ou cuidados de reabilitação. A mortalidade tem estado estabilizada em 15%, o que significa que, anualmente, mais de cem mil portugueses têm um AVC.
Pela via verde chegam 1159 doentes, quando em 2006 eram apenas 180. O tratamento mais eficaz ao AVC, que deve ser administrado nas primeiras horas, abrangeu 587 pessoas nestas unidades, quando apenas 377 a tinham recebido em 2007.

in DN-19.07.09